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Daft Punk

Daft Punk foi uma dupla de música eletrónica, formada em 1993, em Paris, França, por Thomas Bangalter (guitarra e sintetizadores) e Guy-Manuel de Homem-Christo (percurssão). São ambos de nacionalidade francesa, mas Guy- Manuel é luso descendente, sendo bisneto de um antigo escritor português (Francisco Manuel Homem Cristo, mais conhecido como Homem Cristo Filho). 

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Daft Punk: os dois integrantes, Thomas Bangalter (à esquerda) e Guy-Manuel de Homem-Christo (à direita)

Logótipo de Daft Punk.

Possivelmente, já todos ouviram falar, alguma vez na vida, destes sucessos musicais: One More Time (com vocais de Romanthony), Get Lucky (com as participações de Pharrel Williams e de Nile Rogers, guitarrista do grupo Chic!), Around the World ou Harder Better Faster Stronger. Pois é, estas foram músicas que os tornaram num fenómeno. Outro aspeto que os marca é o estilo robótico com que se apresentavam publicamente, incluindo os seus icónicos capacetes.

Tudo começou numa simples amizade na escola

Thomas e Guy-Man conheceram-se na escola, em Paris, entre os finais dos anos 80 e o início dos anos 90, e logo se tornaram grandes amigos. Pouco depois, começaram a produzir demos (uma espécie de músicas de demonstração) com vários colegas de lá e entretanto conheceram Laurent Brancowitz (atual integrante da banda Phoenix). Mais tarde, os três juntaram-se e criaram uma banda de música independente/alternativa, de nome Darlin' (o nome foi inspirado numa música da banda The Beach Boys). Mas este projeto não durou muito tempo, pois Laurent saiu (não me lembro dos motivos) e viria mais tarde a formar a banda Phoenix (o nome desta banda foi inspirado no título da música Phoenix dos Daft Punk). Assim, Thomas e Guy-Man continuavam a fazer as suas músicas e, de repente, começaram a "brincar" com sintetizadores e instrumentos semelhantes.

 

Começaram também a procurar um nome para o seu "novo" projeto. Entretanto, lembraram-se de uma crítica feita, por um crítico, a um single - Cindy, So Loud - ainda pertencente ao projeto anterior (a crítica era algo do tipo "daft punky trash" - lixo de punk doido, em tradução livre - e ainda há alguns sites que a sugerem como "a bunch of daft punk"). Ao invés de se sentirem desanimados, eles aproveitaram-na e colocaram como nome do projeto.

Quem diria que uma simples crítica, ainda por cima depreciativa, que poderia deixar alguns em baixo, se transformasse num grande projeto, que alegrou milhões de pessoas pelo mundo, ou melhor, "around the world, around the world"!

Como seres considerados robóticos, gostavam de manipular eletronicamente, claro!

Para compor as suas músicas, os Daft Punk utilizavam a técnica de sampling, uma das características da french touch (estilo de música eletrónica surgido nos anos 1990). O sampling consiste em captar um ou mais pedaços de uma ou mais músicas e usá la de forma criativa/inovadora. Estes pedaços podem ser depois comprimidos ou ainda sofrer algumas outras alterações como a aplicação de um pitch (tornar um som mais grave ou mais agudo). Entre outras técnicas utilizadas estão o vocoding e o talkboxing.

A primeira técnica está aparentemente mais presente no álbum Discovery, lançado em 2001. Nos restantes, tanto anteriores como posteriores, o processo também é utilizado, no entanto pode não estar tão evidente.

Já em algumas entrevistas (algumas dadas a propósito do lançamento do álbum Random Access Memories, em 2013), a dupla afirmou que o sampling é uma técnica que sempre tiveram interesse em usar e que não iam parar de o fazer, enquanto possível.

Epílogo

O projeto teve o seu fim anunciado em fevereiro de 2021, deixando em choque todos os que o acompanhavam.

O anúncio foi dado através de um vídeo publicado na plataforma YouTube, de título Epilogue, tendo sido mais tarde confirmado pela assessoria da dupla, através da Pitchfork. Até à data (12.06.2021) não foram divulgados motivos para o sucedido.

Como já era de esperar, os internautas expressaram os seus juízos de valor quanto ao assunto. Alguns acreditam que poderá ter sido uma estratégia de marketing para promover um novo trabalho a caminho, outros simplesmente aceitam que aconteceu e outros ainda têm expectativas para um regresso em breve.

Apesar de tudo isto, os dois integrantes não pararam, por enquanto, pelo mundo da música. Thomas e Guy-Man anunciaram recentemente que ambos vão prosseguir na carreira a solo, que mantinham anteriormente. Entre os meses de julho e agosto, Thomas anunciou que estaria envolvido num projeto de ballet, com data prevista para 2022.

Ao longo da carreira, enquanto dupla, lançaram 4 álbuns de estúdio, 1 álbum para a banda sonora da longa metragem TRON:LEGACY, 2 álbuns ao vivo (Alive 1997 e Alive 2007), 1 coletânea musical (Musique, vol. 1), 19 videoclipes e 3 álbuns de remixes.

Normalmente a cada álbum lançado está associada uma era, em que a forma como se vestem é uma das coisas que se vai alterando, mas sem deixarem de lado o estilo robótico a que nos acostumaram.

Tudo tem os seus motivos

Os capacetes e o traje com aspeto mais robótico são uma imagem de marca desta dupla, como já foi referido. Em entrevistas, foi afirmado que ambos queriam separar a vida pessoal da profissional, ou seja, queriam, a todo o custo, evitar a ideia de serem celebridades, esperando ter o seu foco colocado apenas na música e não neles próprios. Thomas Bangalter explicou à Far Out Magazine: «Nós não acreditamos no sistema de ser celebridades.»

Os capacetes seriam, então, um meio de "defesa" contra a timidez de lidar com o público e para evitarem de serem reconhecidos fora de cena. Com o intuito de procurarem uma forma de se enquadrarem nas personagens, os mesmos também explicaram (em entrevistas mais antigas) que «estavam a trabalhar numa faixa quando às 09h09 do dia 9.09.1999 o sistema informático teria explodido e quando recuperaram a consciência descobriram que se tinham transformado em robôs».

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Homework foi lançado em 1997. Foi o primeiro álbum de estúdio da dupla. Este álbum combina vários estilos: funk, techno, acid house e house music e é notado por induzir o interesse ao french touch.

Era Homework, a era das máscaras de Halloween: desde sempre que um dos objetivos do duo foi esconder a sua identidade. Logo, a solução que eles encontraram foi utilizar máscaras de fantasia. Só depois de 1999, é que apareceu a imagem robótica que todos conhecem. As máscaras que usavam eram do género das que aparecem abaixo, no entanto, essas são só exemplos, pois eles usavam muitas mais.

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Alive 1997 foi o primeiro álbum ao vivo. Neste, encontra-se gravada uma performance ao vivo no Birmingham's Que Club em 8 de Novembro de 1997.

O álbum apresenta elementos das canções "Daftendirekt", "Da Funk", "Rollin' & Scratchin'" e "Alive", do álbum Homework

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Guy-Man (à esquerda) e Thomas (à direita), anos 90

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Capa do álbum Discovery, lançado em 2001. Nele, estão incluídos géneros como disco, house music, french house, synthpop, garage house e nu-disco, todas variantes/sub-géneros da música eletrónica.

Era Discovery, a era dos capacetes de LEDs: foi a partir de 2001 que a dupla começou a usar os seus trajes robóticos. Os capacetes eram iluminados com LED's e a roupa que traziam vestida podia mudar às vezes.

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Human After All é de 2005. As músicas são uma mistura entre elementos da música eletrónica e elementos da música rock.

Era Human After All, humanos apesar de tudo: os LEDS desaparecem e usam roupas de couro, com a logo da dupla estampado nas costas do casaco, como apresentado abaixo.

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Alive 2007 é o segundo álbum gravado ao vivo, lançado em 2007, seguido de Alive 1997. Neste, é apresentada uma das suas performances em Paris, em 2007. No concerto, já na parte final, utilizam um fato com luzes vermelhas a contornar as costuras das roupas.

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TRON: LEGACY é o álbum da banda sonora do filme com o mesmo nome. Tanto o filme como o álbum foram lançados em 2010. Já foi indicado para alguns prémios: Grammy Award, na categoria de "Melhor Trilha Sonora Original para Media Visual" e Billboard Awards, na categoria de "Melhor Álbum Dance/Eletrónica".

Era TRON: LEGACY, a era futurista: tanto o fato como o capacete eram na cor branca, com LEDs da mesma cor, o que também lhes confere um aspeto ainda mais futurista e remete ainda mais para a estética do filme.

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Random Access Memories foi o último álbum produzido pela dupla, lançado em 2013. Numa entrevista, no mesmo ano, a dupla afirmou que este álbum estava relacionado a algo que nunca teriam feito na carreira, mas que já teriam tido interesse em fazer antes.

Cerca de um mês antes, foi lançado uma espécie de behind the scenes, com os colaboradores do álbum (Random Access Memories: The Collaborators), uma parceria feita entre a Intel e a Vice.

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Era Random Access Memories: os capacetes da era Human After All voltam à cena e os fatos aparentam ser algo mais "formal". Neste álbum, predomina a eletrónica, mais virada para o pop, falando de uma forma mais geral.

Os robôs músicos mais conhecidos do mundo (possivelmente) fizeram outras colaborações, que não estão em nenhum dos seus álbuns. Duas delas foram com The Weeknd, em 2016. Nestas, o seu estilo consiste em usarem um casaco bem mais longo do que o costume, que lhes confere um estilo mais próximo ao medieval e, na visão de muitos, atribui um aspeto ainda mais misterioso à sua imagem de marca.

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Capa do álbum Starboy, lançado em 2016, pelo cantor The Weeknd.

Para além destas, colaboraram também em Gust of Wind, de Pharrell Williams, em 2014. Também houve algumas vezes em que só um dos integrantes fez colaborações noutros singles. Em 2011, apenas Guy-Man participou na música Nightcall, em conjunto com o DJ Kavinsky e, em 1998, só Thomas colaborou na música Music Sounds Better with You, do grupo Stardust. Em 2002, só uma das metades da banda colaborou em 113 fout la merde, do grupo de hip-hop francês 113.

Apesar de serem conhecidos apenas pela sua música, também investiram na 7ª arte

Só quem conhece bem o trabalho desta dupla, sabe que, para além de serem produtores musicais, investiram também na cinematografia. O primeiro filme foi lançado em 2000, chama-se D.A.F.T: a story about dogs, androids, fireman and tomatoesé uma espécie de compilação de alguns vídeos da dupla, incluindo videoclipes de algumas das faixas do álbum Homework.

Três anos mais tarde, é lançado Interstela 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem. Este consiste numa longa metragem, em formato de animação franco-japonesa, e produzido por Leiji Matsumoto e pelos próprios elementos da dupla. Alguns excertos deste filme foram utilizados como videoclipes para as músicas do álbum Discovery, lançado em 2001.

Por fim, na era Human After All (2005-2010), Electroma é lançado, tendo sido apresentado pela primeira vez no Festival de Cannes, de 2005. O enredo, de uma forma bem resumida, envolve dois robôs que exprimem uma enorme vontade de se tornarem humanos. Como não conseguem, a única maneira que encontram de lidar com o problema é a autodestruição.

Apesar de os integrantes não aparecerem no filme como personagens, ou seja, são interpretados por dois atores, os dois estiveram presentes nos behind the scenes, logo ajudaram na direção da longa metragem, corrigindo até pequenos pormenores que ninguém repararia facilmente.

Estes filmes são muito dificilmente encontrados na íntegra na Internet, pois já têm mais de 10 anos, para além de não serem tão conhecidos. Porém, o Interstella 5555 é facilmente encontrado no YouTube, na íntegra.

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Capas dos três filmes produzidos pelo Daft Punk: D.A.F.T (à esquerda), Interstella 5555 (a meio) e Electroma (à direita)

Não seria justo se um projeto deste calibre não tivesse ganho alguma recompensa por todo o trabalho desempenhado. No total, levaram para casa pouco mais de 10 prémios e foram indicados pouco mais de 40 vezes.

Concertos

Apesar da popularidade e de terem dado vários concertos, os Daft Punk afirmaram, em algumas entrevistas, que nunca estiveram interessados em fazer touring, ou seja, concertos pelo mundo inteiro. Para além disso, isto pode também ser explicado pelo facto de que Thomas queria proteger a sua audição, segundo alguns internautas.

Ainda por cima, circularam boatos de que, ao invés de serem os próprios a estarem nos concertos, estaria alguém a fazer-se passar por eles. O que foi desmistificado pela própria dupla, em entrevistas, nas quais mostraram a sua indignação, afirmando que uma das melhores sensações é ouvir milhares de pessoas apreciarem o trabalho deles e gritarem de alegria por isso. Acrescentaram ainda, em forma de opinião, que eram boatos estúpidos e ridículos.

Infelizmente, não consegui encontrar muitas performances. Ainda assim, espero que gostem.

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